BCE, Christine Lagarde alerta: “A luta contra a inflação não acabou”

“A luta contra a inflação ainda não acabou.” Cristina Lagarde, dois dias após o primeiro corte de taxa desde 2019 levado a cabo pelo BCE, extingue o entusiasmo fácil e de alguma forma congela as esperanças daqueles que já consideravam um segundo corte de taxa como garantido na próxima reunião, em 18 de julho. O número um da Eurotower escolhe o blog do banco central para explicar mais detalhadamente como pretende agir nos próximos meses e para dissipar qualquer mal-entendido sobre os movimentos futuros de Frankfurt, com as perspectivas nem sempre claras devido ao contínuo cabo de guerra entre falcões e pombas. Porém, tudo ficará mais claro sobre as posições dentro do conselho quando for publicada a ata da última reunião.

Entretanto, Lagarde, apesar de reiterar os progressos alcançados, não esconde as armadilhas e incertezas que ainda rodeiam as perspectivas futuras da economia e as tendências dos preços na zona euro. Por isso, afirma, «eu as taxas de juro permanecerão restritivas enquanto for necessário para garantir a estabilidade numa base duradoura.”. O antigo ministro das Finanças francês explica como estamos no bom caminho para atingir os cobiçados 2%, a meta de referência da Eurotower, até ao final do ano. Mas, alerta, “ainda há um longo caminho a percorrer” antes que a inflação seja finalmente derrotada. E “não será um caminho fácil – acrescenta – é preciso vigilância, empenho e perseverança”. “Em outras palavras – diz ele claramente – ainda temos que manter o pé no freio por um tempo, mesmo que não estejamos mais tão pressionados como estávamos no passado”.

O presidente do BCE indica assim os três critérios em que se basearão as próximas decisões de política monetária da Eurotower: «Dependerão de três coisas: se a inflação regressar ao nosso objectivo em tempo útil, se a pressão dos preços sobre a economia diminuirá se a nossa política monetária se revelar eficaz na contenção da inflação». “Esses fatores – conclui ele – determinarão quando poderemos tirar o pé do freio.” Neste momento, talvez, já não seja 18 de julho, mas, se tudo correr bem, 12 de setembro. Mas é muito cedo para dizer. Na segunda-feira veremos como reagirão os mercados, tendo fechado a semana passada fracos face à cautela do BCE, com a percepção de que o caminho para taxas mais baixas na Zona Euro poderá ser mais longo do que o esperado.

Mas nos próximos dias todas as atenções se voltarão para o outro lado do Atlântico, com a Fed a tomar a sua decisão na quarta-feira. Salvo surpresas sensacionais, as taxas permanecerão inalteradas neste caso, e será a partir das palavras de Powell que os mercados tentarão perceber quando começará a época de cortes também nos Estados Unidos. Provavelmente, como apostam muitos economistas, no dia 18 de setembro, portanto antes das eleições americanas de 5 de novembro. Será demasiado cedo para dizer se haverá mais do que um corte da Fed em 2024: os especialistas parecem divididos sobre este assunto. Como pano de fundo está a inflação, que é mais preocupante nos EUA do que no Velho Continente, que recentemente começou a subir novamente e com uma taxa de declínio que parece mais lenta do que na Zona Euro. (LIDAR).

Felipe Costa