A participação nas eleições legislativas em França é confirmada em níveis recordes: segundo dados do Ministério do Interior, às 17h 59,71% votaram dos titulares, em comparação com 59,39% há uma semana, na mesma época. Entretanto, a segunda volta das eleições legislativas francesas é seguido com grande atenção em Moscou, que contou com o pleno sucesso dos lepenistas para minar a unidade do Ocidente no seu apoio a Kiev. Não é por acaso que, no dia da votação, Serghei Lavrov enviou uma mensagem que equivalia a um endosso ao Rassemblement National: «O segundo turno foi pensado para manipular a vontade dos eleitores», disse o chefe da diplomacia russa, atacando o acordo de maxi-desistência assinado pela esquerda e pelos macronianos. A própria Marine Le Pen, na véspera da consulta, tinha afirmado que a postura da França sobre o conflito na Ucrânia mudaria, e não pouco, com o seu protegido Jordan Bardella em Matignon. Partindo de duas escolhas principais: o veto de Paris à utilização de armas francesas por Kiev para atacar o território russo e a recusa total de considerar o envio de soldados do outro lado dos Alpes para a Ucrânia.
Uma rejeição da linha evocada por Emmanuel Macron, à qual na verdade também se opõe a maioria dos parceiros da NATO. A Rússia, durante esta curta campanha eleitoral, não deixou de prestar o seu apoio mais ou menos directo ao RN. Há poucos dias, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moscovo saudou a clara vitória do Droite na primeira volta com um tweet, acompanhado de uma fotografia de Marine Le Pen, na qual sublinhava que «o povo francês procura uma política externa soberana que serve os seus próprios interesses nacionais e não os ditames de Washington e Bruxelas.” A aposta do Kremlin dirige-se a toda a galáxia de partidos soberanistas da UE (dos quais o líder ideal é o líder húngaro Viktor Orbàn, actual presidente do semestre e acabado de receber por Vladimir Putin) que falam àquela parte da opinião pública europeia cansada De guerra. Nesta perspectiva, o renascimento em França da chamada frente republicana, destinada a bloquear o caminho à Reunião Nacional no Parlamento, é motivo de preocupação para Moscovo. “Isto não se parece muito com democracia”, foi o comentário venenoso de Lavrov quando as urnas foram abertas.