A inflação transformou as nossas casas em lugares frios e silenciosos onde vivemos dia após dia, sozinhos, na esperança de podermos progredir apesar da corrida louca do gás, da electricidade e dos alimentos. E, ao fundo, o espectro da fome. A vida nesta terra não se cansa de viajar por diagramas incertos que seguem a arritmia irregular da álgebra. As últimas estimativas do Istat sobre o custo de vida nos territórios deixam-nos suspensos numa crista arenosa de onde emerge tudo o que é ilusório nos nossos esforços e convulsões. A leitura que resulta do processamento efectuado pelos peritos da União Nacional do Consumidor mostra um índice médio de preços ao consumidor na Calábria que cresce lentamente, parando em +0,9% e igualando perfeitamente o da média nacional. Cosenza, como sempre, é a cidade mais cara da região. A sua taxa de inflação é de +1,1% numa base anual (o que o coloca em 43º lugar no ranking nacional), enquanto Catanzaro (+0,9) e Reggio (+0,8) param a uma distância segura. Cosenza é também a cidade que regista o aumento mais significativo no custo de vida de uma família média (marido, mulher e dois filhos) com uma despesa anual adicional de 195 euros, face aos 152 euros que representam a média de desembolso adicional na Calábria.
É claro que a geometria dos aumentos de preços mostra um perfil de sustentabilidade para as cidades calabresas não mais profanadas por aquela poeira lívida do alto custo de vida que durante meses intermináveis esvaziou as lojas tradicionais, movendo enxames de humanidade para as lojas de desconto. Mas devemos considerar que a inflação tendencial, desde há mais de dois anos, no Sul e nesta parte do norte da Calábria, em particular, e cada aumento, mesmo que mínimo, dos preços no consumidor, traz consigo uma força perturbadora, abala, quebra , deforma, destrói homens, famílias, empresas, sonhos.
