Mattarella visitará a base Amari, as sentinelas italianas do leste: armas de ponta e radar da missão da OTAN na fronteira com a Rússia

A pouco mais de 200 quilómetros da fronteira russa, o que equivale a cerca de dois minutos de voo de um jacto supersónico. A base militar de Amari está localizada na Estónia e representa um posto avançado estratégico para a NATO que lida cada vez mais com as provocações russas que se manifestam com drones e também, como aconteceu no passado dia 19 de Setembro, com a entrada de MiGs russos em território estónio.

Este último posto avançado da Europa na fronteira com a Rússia será visitado por Sergio Mattarella no dia 10 de outubro, no âmbito de uma visita à Estónia para uma cimeira informal de chefes de Estado europeus que terá lugar na capital Tallinn.

A presença do Presidente da República Italiana nesta base tem um elevado valor simbólico e está bem no pensamento do chefe de Estado de proximidade incansável com a Ucrânia. Sergio Mattarella, que também foi Ministro da Defesa de 1999 a 2001, trará a sua proximidade às altas armas italianas e a todos os militares altamente especializados que nas últimas semanas operam num contexto muito arriscado que exige rapidez e sangue frio.

Cerca de 100 soldados italianos liderados pelo coronel Gaetano Farina, ex-comandante do Frecce Tricolori, operam em Amari entre radares, como o Kronos do sistema italiano de mísseis antiaéreos Samp-T, e aviões espiões.

A Força Aérea Italiana está presente com veículos e pessoal da 32ª ala de Amendolara e da sexta ala de Ghedi e faz parte da Força-Tarefa Aérea – 32ª Asa: é responsável pelas operações de patrulhamento e interceptação aérea sob a coordenação da OTAN do Centro de Operações Aéreas Combinadas (CAOC) em Uedem, Alemanha.

Precisamente a partir desta base, no dia 19 de setembro, a sirene de alerta soou nos hangares – pela enésima vez em menos de dois meses – levando os pilotos a decolarem urgentemente dos seus dois F35 em questão de minutos.

Os dois chefões italianos, que durante a missão vivem dia e noite numa área do armazém sempre vestidos de macacão, só precisam de alguns momentos para se coordenarem com a ajuda de outros dez homens, colocarem os capacetes e acionarem as turbinas.

Eles voam excedendo a velocidade do som e em segundos aproximam-se de aeronaves chamadas ‘zumbis’, ou seja, aeronaves não identificadas. Não são apenas os F35 que decolam da base da Estônia. Anteriormente, os militares italianos tinham interceptado drones russos no espaço polaco, desta vez com outra aeronave, o chamado ‘Caew’, uma espécie de avião radar que adquire diariamente vestígios em voo.

O Presidente Mattarella, antes da visita à base militar, participará na tradicional cimeira de Arraiolos, um formato de consulta informal que reúne vários chefes de Estado europeus. A Presidência estónia centrou os debates em dois temas principais: inteligência artificial e segurança global.

Mas a atenção dos líderes estará inteiramente voltada para a crise ucraniana que tanto preocupa os pequenos países bálticos, dada a evidente diminuição da atenção americana a esta área do mundo.

Felipe Costa