Existem dois cenários principais no caso Joe Biden decide desistir da corrida pelo Casa Branca.
Cenário 1: Endosso a Kamala Harris
A primeira é que o presidente dê aoendosso e passar o bastão – numa transição pacífica de poder – ao seu vice Kamala Harrisque é mais impopular do que ele nas sondagens, mas que aparece apenas 1-2 pontos atrás (portanto, dentro da margem de erro) num hipotético duelo contra Donald Trump. Esta é a escolha mais óbvia e inevitável, sendo Harris o seu herdeiro natural, mesmo em caso de morte ou doença durante a presidência. O facto de ser a primeira escolha é confirmado privadamente por várias fontes da campanha de Biden e também por muitos doadores que, embora não entusiasmados, admitem que é “impossível ignorar”.
Então é verdade que ela nunca saiu da sombra de Biden, que nunca penetrou na tela, mas é igualmente verdade que está recuperando terreno e imagem em algumas questões, como a chave doaborto. Além disso, ela podia se orgulhar do fator idade (59 anos) e da perspectiva de se tornar a primeira mulher e negra presidente, depois de ter atingido esse teto de vidro como vice-presidente. Entre as alternativas possíveis, Harris é também a figura mais conhecida, tanto no país como internacionalmente, e poderá aceder imediatamente aos fundos de campanha de Biden, bem como herdar a sua infraestrutura de campanha.
Para lançá-lo, porém, o presidente deveria primeiro conseguir o apoio de todo o partido, propondo assim durante a convenção Chicago aos 3.894 delegados obtidos nas primárias para votar nela. Neste caso surgiria então o problema da escolha do seu substituto.
Cenário 2: Convenção aberta com vários candidatos
Se, no entanto, houvesse divergências fortes e abertas sobre a candidatura de Harris, arriscamos o cenário de uma convenção “intermediada”, ou seja, aberta, onde – além do vice-presidente – competem vários candidatos. Entre os candidatos elegíveis estão os governadores do Califórnia Gavin Newsomdo Michigan Gretchen Whitmer e de Pensilvânia Josh Shapirobem como o Secretário de Transportes Pete Buttigieg. Teriam de competir pela maioria dos votos dos delegados de Biden e, se ninguém passasse na primeira volta, entrariam em jogo os 700 superdelegados, ou seja, líderes partidários e governantes eleitos.
Existe o risco de caos e divisões internas investir um candidato que surgiu do nada e não foi selecionado nas primárias, num processo certamente menos transparente e menos democrático. Mas talvez nenhum dos candidatos queira arriscar uma corrida difícil, desperdiçando as suas hipóteses para 2028.
De qualquer forma, resta uma incógnita que corre o risco de antecipar o momento da nomeação em relação à convenção que começa em 19 de agosto: o partido planejava fazer uma ‘chamada’ virtual antes de 7 de agosto para cumprir o prazo eleitoral em Ohio e certificar o candidato para que ele apareça nas cédulas. Portanto, falta pouco mais de um mês para trocar de cavalo.